Para se compreender a história da mudança de nome da cidade que hoje é conhecida como Ouro Preto, é necessário voltar um pouco na história do nosso estado e do nosso país.
Em 1698, fundou-se o Arraial do Padre Faria. Padre João de Faria Fialho foi capelão bandeirante que, posteriormente, foi enviado a Vila Rica. Erguida a Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, um dos primores do barroco mineiro, tornou-se seu capelão.
Uma curiosidade a se ressaltar é que “Padre Faria” é, atualmente, o nome de um antigo bairro na cidade de Ouro Preto.
De 1707 a 1709 ocorreu a Guerra dos Emboabas, entre bandeirantes paulistas e um grupo de portugueses e migrantes de todas as partes do Brasil. O conflito se deu próximo ao local onde está situado o distrito de Cachoeira do Campo. Seu principal motivo era a disputa pela livre exploração das jazidas de ouro descobertas no estado de Minas Gerais.
No ano de 1711, vários pequenos lugarejos se uniram e se elevaram à categoria de “Vila”. Por se tratar de um local com grande potencial de exploração das minas de ouro (notícia que, após a guerra, se espalhou por todo o país), a pequena cidade então passou a se chamar Vila Rica de Albuquerque, homenagem ao Capitão General Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, à época governador das capitanias de Minas Gerais e São Paulo. Mas no ano seguinte, os portugueses reconheceram-na apenas como “Vila Rica”.
Nesta época, a capitania de Minas Gerais já estava consolidada e em 1720, Vila Rica tornou-se a sua capital. Acredita-se que, dentro do contexto histórico daquele tempo, um fato importante para que Ouro Preto (à época, chamado Vila Rica) se tornar a capital de Minas Gerais foi a ocorrência da Guerra dos Emboabas, além da abundância do ouro para exploração.
Somente após a Independência do Brasil, no ano de 1823, Minas Gerais se tornou província e Vila Rica, tendo recebido de Dom Pedro I o título de Cidade Imperial, passou a chamar-se Ouro Preto.
Quem conhece cidades antigas do interior de Minas sabe da fama das histórias que passam de geração em geração. Conta-se, nos povoados locais, que o nome “ouro preto” se originou de um homem que, ao buscar água no fundo de um pequeno rio, “pescou” pequenas pedras pretas. Intrigado, levou-as até São Paulo e, assim, descobriu-se que se tratava de ouro.
Ouro Preto foi a capital de Minas Gerais até o ano de 1897, quando se transferiu o título para a antiga “Curral Del Rey”. Esse era o nome anterior da cidade de Belo Horizonte, que à época ainda era planejada.
A mudança da capital para Belo Horizonte se deveu, principalmente, pelo esgotamento do ouro para exploração das minas. Além disso, a cidade não apresentava possibilidades de desenvolvimento urbano e crescimento físico.
Para quem deseja conferir de perto mais histórias sobre a exploração do ouro em Vila Rica, que se tornou Ouro Preto, é importante visitar os museus da cidade, sobretudo o Museu de Mineralogia que, além de gemas e amostras de pedras locais, também conta com um acervo de amostras de todo o mundo para observação e comparação. Já o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP, é um pouco mais diversificado em seu acervo e, além de Mineralogia, explora outras áreas, como História Natural e Metalurgia, dentre outras.
A riqueza que fez com que Ouro Preto fosse considerada Cidade Imperial pode ser conferida na Sala do Império, localizada no Museu da Inconfidência, também localizado na cidade. Lá também são encontrados diversos documentos originais públicos e manuscritos do século XVIII de importante valor histórico. É importante frisar que há também uma sala reservada à história e obra de Aleijadinho, o que deixa o passeio ainda mais rico e atraente.
Já para os turistas mais aventureiros, que desejam saber in loco como ocorria a exploração do ouro e de outros minerais em Ouro Preto no século XVIII, podem ser realizadas visitas às minas: do Chico Rei, du Veloso, Felipe dos Santos e da Passagem, dentre outras.
Para os passeios aos museus e minas são cobrados ingressos. É importante se informar com antecedência sobre dias e horários de funcionamento, bem como da necessidade/obrigatoriedade de guias turísticos para acompanhamento das visitas. De qualquer forma, o turismo em Ouro Preto é sempre mágico e de encher os olhos.